segunda-feira, 6 de maio de 2013

Alunos do 4º ano em exame esta semana



Teste de Português dia 7, teste de Matemática dia 10. Os resultados são conhecidos a 12 de junho e a nota do exame terá um peso de 25% na classificação final. As crianças estão preparadas e ansiosas.
Miriam Silva, de 10 anos, tem tudo preparado. Quase tudo na cabeça. Atenta nas aulas, exercícios na escola e quando chega a casa. Sempre foi boa aluna. Miriam é uma das 100 mil crianças que na próxima terça-feira, 7 de maio, entrará numa sala de aula para fazer o exame de Português, uma das provas finais do 1.º ciclo que o Ministério da Educação e Ciência (MEC) decidiu aplicar este ano letivo. "Ainda falta rever alguma matéria, andar para trás", confessava a aluna à hora de almoço desta sexta-feira, poucos dias antes do teste. Considera que está melhor preparada para o teste de Português, embora não tenha descurado as contas de Matemática. Miriam conhece a escola onde irá fazer a prova. Mesmo assim, confessa que está ansiosa, mas não perde o otimismo. Vai correr bem? "Acho que sim, acho que vai correr bem", responde.

Ruben Filipe Martins, de nove anos, é de poucas palavras. A preparação para os exames da próxima semana já começou há algum tempo na escola. Em casa, tenta dar uma olhadela à matéria dada pela professora para que nada falte na hora da prova. "A matéria de Matemática é agora mais difícil", desabafa. Prefere as palavras do Português às contas da Matemática. "Pode ser fácil, mas temos de estar atentos aos testes", afirma de um só fôlego. Mora perto da escola onde realizará as provas. Mas o friozinho na barriga já se faz sentir. "Estou um bocado nervoso", diz.

A contagem decrescente para as provas finais do 1.º Ciclo do Ensino Básico começou. As regras estão definidas. Os enunciados dos exames serão entregues, no próprio dia, por militares da GNR, à semelhança do que acontece nas provas nacionais dos outros níveis de ensino. Os testes serão vigiados por professores de outros ciclos de ensino e de áreas disciplinares diferentes daquelas sobre as quais incidem as provas.

Os alunos internos do 4.º ano de escolaridade foram automaticamente inscritos nestes exames que a tutela decretou como obrigatórios. Dia 7 começa o de Português às 9h30 e dia 10 o de Matemática à mesma hora nas sedes dos agrupamentos escolares. Os resultados das provas serão afixados a 12 de junho. E a nota terá, este ano, um peso de 25% na avaliação final. Segue-se a segunda fase: para 9 de julho está marcada a prova de Português, a 12 de julho é dia da de Matemática, ambas às 9h30. As pautas são afixadas a 26 de julho.

Manuela Sousa é professora do 1.º Ciclo. Este ano, tem uma turma do 2.º ano que integra uma aluna do 4.º ano com necessidades educativas especiais e que terça e sexta-feira irá também fazer os exames, como todas as crianças inscritas nesse ano. A aluna não terá a seu lado a professora titular, mas sim alguém que não conhece e que, durante o tempo da prova, não poderá fazer qualquer acompanhamento ou tratamento diferenciado. Manuela Sousa não tem dúvidas de que os exames não serão adequados ao que a sua aluna sabe neste momento. "Porquê sujeitá-la a este tipo de exame?" - questiona-se.

As reuniões nas sedes dos agrupamentos multiplicam-se para evitar que os alunos se sintam desconfortáveis quando chegarem a uma escola que muitos não conhecerão. Os professores recebem indicações, entre as quais, de explicar à turma onde ficam as casas de banho da escola que os irã receber. "A maior parte dos alunos não conhece a escola sede do agrupamento. É um meio completamente desconhecido. Vão mudar de local e os professores que estão a vigiar os exames são pessoas desconhecidas", alerta Manuela Sousa. E surge mais uma pergunta: "Por que é que os alunos têm de sair do meio a que estão habituados?".

A professora do 1.º Ciclo não discorda que exista uma avaliação externa, mas não com este figurino e alterações que o processo está a implicar. As datas também não lhe parecem as mais adequadas. O ano letivo ainda não terminou, ainda há mês e meio de aulas no programa, a matéria teve de ser dada até agora precisamente por causa dos exames. Manuela Sousa não entende o calendário definido pelo MEC. Por que não fazer os exames depois das aulas acabarem, com uma semana de interrupção, como acontece nos outros níveis de ensino? "É mais tempo que estão a retirar aos alunos para se prepararem", constata.

O transporte dos alunos para as sedes dos agrupamento é assegurado pelas autarquias locais. Três delas anunciaram que não tinham meios financeiros para suportar essa despesa e o custo será então assumido pelo MEC. A Confederação Nacional das Associações de Pais (CONFAP) está apreensiva com o fecho das escolas para alguns alunos, uma vez que os estabelecimentos de ensino estarão abertos para os alunos do 4.º ano e fechados para muitos outros estudantes, que terão de ficar em casa nas manhãs de terça e sexta-feira.

(Fonte: 
http://www.educare.pt/educare/Atualidade.Noticia.aspx?contentid=D3F0F7CB14EC7662E0400A0AB8005E7A&opsel=1&channelid=0)

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