Todos ao alunos do 3.º ano de escolaridade vão passar a ter Inglês obrigatório no ano lectivo de 2015/2016, disse o ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato, nesta sexta-feira. O alargamento a todas as escolas da disciplina, que se previa que fosse lançada naquele ano, mas em projectos-piloto, foi anunciado na cerimónia de apresentação dos resultados do teste de diagnóstico de Inglês do 9.º ano, que revelaram que cerca de 47% dos alunos do 9.º ano estão nos dois níveis mais baixos do teste de Cambridge, ou seja, não têm sequer conhecimentos ao nível do 7.º ano.
Segundo Nuno Crato, a generalização no 3.º ano da oferta da disciplina, que terá uma carga horário mínima de duas horas semanais, obrigará a "um novo recrutamento de professores de inglês no ensino básico". Isto implicará, por sua vez, um concurso extraordinário de professores. O ministro não adiantou, contudo, qual será o número de vagas e quando será aberto esse concurso.
Para que esta oferta seja generalizada, no ano lectivo de 2014/2015 os professores de Inglês de diferentes níveis de ensino terão, assim e antes da abertura desse concurso, formação para darem aulas do 1.º ciclo, seja didáctica ou relativa a conteúdos. Será ainda criado um mestrado de Inglês para ensino básico, disse o governante.
Os resultados do Key for Schools não foram alheios a estes anúncios. Nuno Crato considera que é necessário apostar no ensino da disciplina aos estudantes mais novos, de forma a melhorar o desempenho dos alunos. Segundo os dados fornecidos pelo Instituto de Avaliação Educativa (IAVE), 47,2% dos alunos ficaram "abaixo do nível de referência para o teste em apreço", que foi obrigatório para os alunos do 9.º ano.
Destes cerca de 47% dos alunos do 9.º ano que têm dificuldade na disciplina - que não alcançaram os objectivos, que estão em níveis que podem ser considerados negativos -, 24,3% estão mesmo no nível mais baixo da escala - o Pré A1 - e 22,9% no imediatamente a seguir, o A1.
Nos dois patamares seguintes estão os restantes alunos do 9.º ano: 31,6% estão no nível A2, o que significa que têm conhecimentos equivalentes ao 7º ano e apenas 21,1% tem, de facto, conhecimentos B1, isto é, próprios do seu grau de ensino, o 9.º ano.
Assimetrias regionais
Na parte de leitura, cerca de 50% dos alunos tiveram um desempenho fraco. 16% estão no nível a seguir e apenas 10% tiveram um resultado bom. O nível excepcional fica-se em 24%. No que respeita a escrita e compreensão do que se ouve, 47% dos alunos são fracos, 17% estão no degrau a seguir (chama-seBorderline) e só 7% tiveram bom. 29% dos alunos são excepcionais a escrever e a perceber o que escutam.
Na componente oral (speaking), o nível Borderline - o segundo mais baixo - é aquele com mais peso: 48%. No nível fraco estão 26%, a mesma percentagem que somam, juntos, os bons e os excepcionais.
Quanto a regiões do país, os melhores resultados pertencem à área da Grande Lisboa e os mais fracos à zona do Tâmega e do Douro. Depois da Grande Lisboa, nos primeiros lugares, segue-se o Baixo Mondego, o Grande Porto e a Península de Setúbal. O Baixo e o Alto Alentejo, a Beira Interior Norte ou Alto-Trás-os-Montes ou a área do Pinhal Interior, surgem, entre outros, nos últimos lugares da tabela.
Teste para o ano
Nas conclusões, o IAV considera que “estão criadas condições para a aplicação, desejavelmente no próximo ano lectivo, do teste PET − Preliminary English Test for Schools”, ou seja, o nível a seguir. Recomenda-se ainda a “definição e aplicação de medidas de apoio pedagógico específicas para os alunos cujos resultados se situaram, no teste Key for Schools, nos níveis Pré-A1 e A1”, os patamares mais baixos. “Em termos futuros, deve equacionar-se, desde já, uma evolução da certificação da proficiência linguística que possa criar as condições para uma aplicação bem-sucedida do teste FCE for Schools (First Certificate of English) para os alunos do sistema de ensino português, no final da escolaridade obrigatória”, lê-se ainda.
Recorde-se que os resultados deste teste de diagnóstico foram adiados e apenas conhecidos nesta sexta-feira, por falta de professores avaliadores.
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