terça-feira, 17 de julho de 2012

MEC cria programa para partilhar saberes


O Mundo na Escola (MnE) é um projeto de formação cultural que vai percorrer as escolas básicas e secundárias do país a partir do próximo ano letivo. A ciência é o primeiro tema a abordar, seguem-se as artes em 2013/2014 e as humanidades em 2014/2015.

Criar uma nova geração interessada e motivada para valorizar o conhecimento, a cultura, o esforço e o rigor científico é importante para o Ministério da Educação e Ciência (MEC), que entende que essa missão não se deve restringir aos currículos escolares. É hora de alargar horizontes. E, nesse sentido, em abril deste ano, a tutela decidiu formalizar a criação do programa O Mundo na Escola (MnE) que arranca já no próximo ano letivo. Há vários objetivos nesta iniciativa, que pretende aproximar a população escolar das instituições e dos profissionais que trabalham no domínio da ciência, das artes e da literatura. O MEC pretende também dar maior visibilidade às atividades científicas e culturais que estão a ser desenvolvidas, neste momento, de forma a rentabilizar recursos.
"Com ‘O Mundo na Escola' pretende-se criar um clima de divulgação e de partilha de saberes, que contribua para a consolidação de conhecimentos e fomente a curiosidade dos alunos pelo mundo físico e cultural que nos rodeia", adianta o MEC no despacho que oficializou o programa. Várias ações estão a ser programadas tendo em atenção os diferentes níveis de ensino. No próximo ano letivo, o MnE concentra-se na ciência e tecnologia. As artes chegam em 2013/2014 e as humanidades no ano letivo 2014/2015.
O programa para a formação cultural em várias áreas do conhecimento começa com uma série de ações na área da ciência. Uma temática que muito diz ao atual ministro da Educação. "É preciso ter o caminho aberto para termos mais ciência e tecnologia em Portugal", referiu o ministro há algumas semanas, adiantando que uma das medidas do novo projeto passa por levar cientistas às escolas que falem das suas experiências e descobertas. Uma forma de estimular os jovens pelos trilhos da ciência. Além das conversas com os cientistas, a aproximação entre ciência e alunos será feita através de visitas a laboratórios, museus, centros de Ciência Viva, universidades.
"Precisamos muito de ciência e tecnologia e não estamos a fazer tudo o que devemos", admitiu o ministro da Educação. E mesmo com as iniciativas que já são promovidas nos estabelecimentos de ensino em torno deste tema, o MEC quer mais e pretende "sistematizar, desenvolver e reforçar" essas atividades. Até porque, para Nuno Crato, a ciência é o futuro do país e do mundo e tem sido um exemplo para Portugal pela "força de vontade, persistência, espírito de cooperação e de disputa pelo desenvolvimento".
Já há ações programadas para a primeira fase do MnE. Em 2012/2013, as escolas básicas e secundárias podem receber cientistas ou grandes aulas que serão uma versão científica das masterclasses. Além disso, várias exposições produzidas no nosso país, e de comprovado sucesso, circularão pelo país. Itinerância que pretende mostrar aos alunos e restante comunidade educativa o que se vai fazendo em várias instituições. A exposição "Insetos em ordem", que nasceu de uma parceria entre o Museu Nacional de História Natural e o Centro de Biologia Ambiental, ambos da Universidade de Lisboa, será umas das mostras que as escolas poderão receber e analisar. Tal como "A Física do dia a dia", uma exposição do Pavilhão do Conhecimento.
O lançamento efetivo das atividades está agendado para o início do próximo ano letivo. De qualquer forma, sabe-se já que uma das ideias do MEC passa também por criar um site que incluirá uma agenda nacional de divulgação científica e que funcionará como uma plataforma de coordenação de todo o programa. Ana Eiró, professora catedrática do Departamento de Física da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, assume a direção do MnE dedicado à ciência e tecnologia. Uma escolha fundamentada. A responsável tem uma larga experiência em divulgação de ciência, tendo promovido, nesse âmbito, várias atividades destinadas ao público escolar. Até 2011, foi diretora do Museu de Ciência da Universidade de Lisboa.
O MEC não quer que o MnE seja estanque, mas sim que as três etapas sejam cumulativas. Ou seja, a ideia é dinamizar atividades que caminhem pelo próprio pé, ganhem vida própria e se prolonguem no tempo. Com apoio financeiro da Fundação para a Ciência e Tecnologia, o programa educativo é desenvolvido em parceria com a Agência Nacional Ciência Viva e é comissariado pela secretária de Estado da Ciência, Leonor Parreira, e pela secretária de Estado do Ensino Básico e Secundário, Isabel Leite.
Por Sara Oliveira | www.educare.pt 

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