segunda-feira, 21 de maio de 2012

Caixa dos Usos Possíveis e Caixa das Coisas Impossíveis





por Tomás Magalhães Carneiro - http://filosofiacritica.wordpress.com/

Projecto FILÓSOFOS A BRINCAR: Filosofia com Crianças no Pré-Escolar e 1º Ciclo

(este artigo surge de uma colaboração regular com a nossa Associação de Pais e Encarregados de Educação )

Dois Exercícios de Filosofia com Crianças: Caixa dos Usos Possíveis e Caixa das Coisas Impossíveis

  


Exercício 1: Caixa dos Usos Possíveis
Os conceitos que usamos para pensar estão normalmente ligados aos seus usos comuns. 


Assim quando vemos um pente pensamos que serve para "pentear", quando vemos um tijolo pensamos que serve para "construir casas", quando vemos um Clip pensamos que serve para "prender folhas", etc. Andamos pela vida e nem nos damos conta que cada um desses objectos contém em si um mundo de possibilidades tão numerosas quanto a nossa imaginação.


Pensar de forma crítica e criativa implica que muitas vezes tenhamos que pensar de forma um pouco diferente do habitual desligada da segurança dos resultados que costumamos obter por pensar de determinada forma. Os problemas com que nos deparamos ao longo da vida, as questões que temos que resolver e as decisões que temos de tomar muitas vezes obrigam-nos a pensar de forma divergente, i.e., a pensar desde um ponto de vista diferente do comum, a pensar em alternativas e outras possibilidades, a arriscar hipóteses e sugestões audazes. 



Este exercício foi desenvolvido para incentivar as nossos crianças a "pisar o risco" e a pensarem de forma corajosa e diferente da habitual, a tomarem um outro ponto de vista sobre as coisas e o mundo contrariando assim a rigidez do pensamento habitual.

Exercício: Apresentar às crianças um objecto comum e perguntar que outros usos ele pode ter.



Pergunta: "Para que outras coisas isto pode servir para além de... (pentear, construir, segurar papeis, etc.)


Sugestões de Objectos: Pente, Cobertor, Tijolo, Clip, Maçaneta da Porta, Cadeira; Copo; Sapato; Camião; Torre Eiffel, Esponja; Lata; Bola de Futebol, etc., etc., etc.

Importante: Quem modera este exercício deve ter o cuidado de não se referir ao objecto pelo seu nome comum pois isso vai condicionar os pensamentos das crianças. Assim, em vez de perguntar "Para quer pode servir o pente" deverá perguntar "Para que pode servir isto?"

Com um grupo de 20 crianças é normal que surjam mais de 40 ou 50 sugestões, que deverão começar pelos usos mais óbvios tornando-se cada vez mais estranhos e afastados do uso comum do objecto à medida que a sua imaginação alimentada pelas contribuições dos amigos vai mudando o tamanho, o material ou mesmo o utilizador do objecto. Desta forma um pente, por exemplo, poderá ter 20 metros de altura ou 2 centímetros, poderá ser feito de metal, de plástico ou de pano, poderá ser usado por humanos, por formigas ou por ET´s. Devemos esperar pelas ideias das crianças e não ter medo do silêncio. Este é necessário para o pensamento acontecer.

Se fizermos este exercício com uma ou poucas crianças (com menos hipóteses de alguém do grupo avançar com uma "ideia maluca") podemos nós mesmo perguntar "Para que poderia isto servir se tivesse 20 metros, se fosse feito de plástico, de pano, etc.


Exercício 2: Caixa das Coisas Impossíveis

Uma variante mais difícil deste exercício e que só deve ser tentada com um grupo mais maduro (com o hábito do Diálogo Filosófico já adquirido) consiste em lançar o seguinte desafio às crianças:

"Vamos pensar em coisas impossíveis."

O moderador da sessão não deve sugerir objectos ou acontecimentos que considere impossíveis mas deixar que as crianças avancem com as suas sugestões. O Diálogo desenrola-se em torno das objecções e perguntas que as crianças vão fazendo umas às outras enquanto tentam decidir se o sugerido é ou não uma “Coisa Impossível”.  



Mais exercícios da CAIXA DE PANDORA aqui: http://filosofiacritica.wordpress.com/caixa-de-pandora/


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