por Tomás
Magalhães Carneiro - http://filosofiacritica.wordpress.com/
Projecto
FILÓSOFOS A BRINCAR: Filosofia com Crianças no Pré-Escolar e 1º Ciclo
(este
artigo surge de uma colaboração regular com a nossa Associação de Pais e Encarregados de Educação
)
Dois Exercícios de Filosofia com Crianças: Caixa dos Usos Possíveis e Caixa das Coisas Impossíveis
Exercício
1: Caixa dos Usos Possíveis
Os
conceitos que usamos para pensar estão normalmente ligados aos seus usos
comuns.
Assim
quando vemos um pente pensamos que serve para "pentear", quando vemos
um tijolo pensamos que serve para "construir casas", quando vemos um
Clip pensamos que serve para "prender folhas", etc. Andamos pela vida
e nem nos damos conta que cada um desses objectos contém em si um mundo de
possibilidades tão numerosas quanto a nossa imaginação.
Pensar de
forma crítica e criativa implica que muitas vezes tenhamos que pensar de forma
um pouco diferente do habitual desligada da segurança dos resultados que
costumamos obter por pensar de determinada forma. Os problemas com que nos
deparamos ao longo da vida, as questões que temos que resolver e as decisões
que temos de tomar muitas vezes obrigam-nos a pensar de forma divergente, i.e.,
a pensar desde um ponto de vista diferente do comum, a pensar em alternativas e
outras possibilidades, a arriscar hipóteses e sugestões audazes.
Este exercício
foi desenvolvido para incentivar as nossos crianças a "pisar o risco"
e a pensarem de forma corajosa e diferente da habitual, a tomarem um outro
ponto de vista sobre as coisas e o mundo contrariando assim a rigidez do
pensamento habitual.
Exercício: Apresentar às crianças um
objecto comum e perguntar que outros usos ele pode ter.
Pergunta:
"Para que outras coisas isto pode servir para além de... (pentear,
construir, segurar papeis, etc.)
Sugestões de Objectos:
Pente, Cobertor, Tijolo, Clip, Maçaneta da Porta, Cadeira; Copo; Sapato;
Camião; Torre Eiffel, Esponja; Lata; Bola de Futebol, etc., etc., etc.
Importante: Quem modera este
exercício deve ter o cuidado de não se referir ao objecto pelo seu nome comum
pois isso vai condicionar os pensamentos das crianças. Assim, em vez de
perguntar "Para quer pode servir o pente" deverá perguntar "Para
que pode servir isto?"
Com um grupo de 20 crianças é normal que surjam mais de 40 ou 50 sugestões, que
deverão começar pelos usos mais óbvios tornando-se cada vez mais estranhos e
afastados do uso comum do objecto à medida que a sua imaginação alimentada
pelas contribuições dos amigos vai mudando o tamanho, o material ou mesmo o
utilizador do objecto. Desta forma um pente, por exemplo, poderá ter 20 metros
de altura ou 2 centímetros, poderá ser feito de metal, de plástico ou de pano,
poderá ser usado por humanos, por formigas ou por ET´s. Devemos esperar pelas
ideias das crianças e não ter medo do silêncio. Este é necessário para o
pensamento acontecer.
Se fizermos
este exercício com uma ou poucas crianças (com menos hipóteses de alguém do
grupo avançar com uma "ideia maluca") podemos nós mesmo perguntar
"Para que poderia isto servir se tivesse 20 metros, se fosse feito de
plástico, de pano, etc.
Exercício 2: Caixa das Coisas Impossíveis
Uma
variante mais difícil deste exercício e que só deve ser tentada com um grupo
mais maduro (com o hábito do Diálogo Filosófico já adquirido) consiste em
lançar o seguinte desafio às crianças:
"Vamos
pensar em coisas impossíveis."
O
moderador da sessão não deve sugerir objectos ou acontecimentos que considere
impossíveis mas deixar que as crianças avancem com as suas sugestões. O Diálogo
desenrola-se em torno das objecções e perguntas que as crianças vão fazendo
umas às outras enquanto tentam decidir se o sugerido é ou não uma “Coisa
Impossível”.
Veja este
exercício também aqui: http://filosofiacritica.wordpress.com/2012/05/14/filosofia-com-criancas-caixa-das-coisas-impossiveis/
Mais
exercícios da CAIXA DE PANDORA aqui: http://filosofiacritica.wordpress.com/caixa-de-pandora/
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