terça-feira, 14 de maio de 2013

Cantinho da Filosofia: Criação conjunta de uma história




Partilhamos aqui um texto que resultou das sessões de filosofia realizadas nas AECs do pré-escolar.



Exercício - Criação conjunta de uma história

Este exercício ocupou-nos três sessões que consistiram no visionamento e diálogo sobre um pequeno filme de animação inspirado no conto de José Saramago “A Maior Flor do Mundo”, na criação conjunta de uma história a partir das ilustrações desse mesmo conto e na ilustração pelas próprias crianças das suas passagens preferidas.
Os desenhos das crianças serão brevemente afixados numa parede da escola.

Ao criarem uma história em conjunto as crianças são levadas a interpretar à sua maneira as imagens que lhes vão sendo mostradas, encontrando vários sentidos e implicações dessa sequência de imagens, imaginando caminhos e desfechos alternativos para a “sua história”, encontrando diferentes explicações e dando a sua opinião para o que vai acontecendo.

O que vai acontecer a seguir?; Por que é que a flor está triste?; “O menino faz bem em ir atrás do bichinho? Porquê?”. São algumas das perguntas que fazem com que as crianças pensem de diferentes ângulos sobre a história que vai sendo criada por elas levando-as a sugerir hipóteses, a avançar explicações, a justificar aquilo em que acreditam, a concordar ou a dicordar de um amigo, etc.

Desta forma conseguimos que as crianças vivam intensamente a história, prestem atenção ao que vai acontecendo, se ouçam umas às outras (pois aquilo que um amigo diz terá importância real para o desenrolar da “sua história”) e ganhem gradualmente confiança nas suas próprias capacidades de raciocínio ao sentirem que as suas ideias são bem acolhidas pelo grupo de amigos e que o seu esforço de colaboração e diálogo lhes traz resultados palpáveis: uma história real criada por elas próprias.

Seguem-se as histórias criadas pelos três grupos do pré-escolar de “Nevogilde a partir deste desafio lançado por José Saramago:

Quem me dera saber escrever histórias para crianças, mas nunca fui capaz de aprender… e tenho pena.
Quem sabe se um dia virei a ler esta história escrita por ti que me lês, mas muito mais bonita.  (José Saramago)


Aqui estão três versões da tua história, José!




“A Flor Enorme”




Autores: (Grupo A) 






1 – Um senhor está a beber vinho sentado à mesa e a escrever. Os livros estão todos no sítio, atrás dele, sem ele mexer.
A luz ao lado pode ser do sol ou da lanterna.

2 – Um menino está à janela. Está triste porque o pai e a mãe foram-se embora para outro sítio.

3 – Agora o menino foi lá para fora e está a correr. Deve estar à procura do pai e da mãe.

4 – Está a escorregar para um túnel, ou para um puf, ou para o sol. Mas não deve ser o sol porque o sol não tem letras.

5 – O menino agora está gigante, ou então estamos muito perto da cara. Está a tocar na flor com o dedo.
O pau da flor é uma pista parecida com um escorrega.

6 – A flor aqui está triste pois não tem água para beber nem sol para crescer.

7 – É por isso que o menino vai dar água à flor com as mãos, como no filme. Aqui (no livro) ela também ficou enorme. No filme a flor era mais gira.
Se calhar é a mesma flor.
E se calhar é o mesmo menino. 

Fim.




“O senhor velhinho, a menina e a flor”




Autores (Grupo B)







1 - Um senhor velhinho, com cabelo branco e óculos na ponta do nariz, está sentado numa cadeira a escrever.

2 – Tem uma luz para escrever e um copo de água para beber se tiver sede.
Também tem jornais, uma cortina atrás dele e uma persiana com uma fada a olhar para ele.

3 – Numa mão tem papéis e na outra tem uma caneta.

4 – Uma menina está à janela a olhar lá para fora.

5 – Agora a menina foi lá para fora e está a correr por uma ponte ou por uma estrada. Em cima dela está um ferro enorme que deve ser uma caneta a escrever a num papel.
Deve ser a caneta do senhor velhinho!

6 - A menina correu até à floresta.

7 – Aí há flores tristes ou murchas no chão.
Se estão tristes é porque estão sozinhas e se estão murchas é porque estão com sede. Mas pode ser as duas coisas.

8 – A menina escorregou pelo pé da flor que é a estrada e agora está a correr.

9 – Olhou para a flor que está a morrer e pôs-lhe o dedo em cima. 

10 – Para salvar a flor a menina foi a correr buscar água com as mãos e agora a flor está a crescer muito porque a menina lhe deu água. A flor ficou gigante.

11 – A mulher e o homem do desenho são o pai e a mãe da menina. Estão muito tristes e a chorar porque não encontram a filha.

12 – Todos foram à procura da menina para a floresta.

13 – Encontraram a menina e ela tinha uma pétala em cima. Ou então era uma folha. Foi a flor que a pôs em cima para a menina não ter frio, como no filme que vimos na outra aula de filosofia.

14 – O avô da menina deixou-a ir para casa às suas cavalitas porque estava muito contente por a ter encontrado. A menina está a rir muito porque está muito feliz.

Fim.

  
“O menino e a Flor”





Autores (Grupo C)






1 – Um senhor está a pintar um quadro. Esse senhor chama-se Francisco.

2 – Está sentado à mesa a beber água.

3 – O Diogo (um menino) está à janela e o Franscisco está a ver um envelope que lhe enviaram.

4 – O Diogo está a ver uma menina a correr. Chama-se Maria e é sua irmã.

5 – A Maria está a correr na ponte e o Diogo foi ter com ela a escorregar na Flor que era mágica.

6 – O Diogo colou uma coisa num papel que era uma cidade, uma floresta ou uma montanha.

7 – Agora o Diogo está a olhar para uma flor que está murcha no chão.
Esta flor é o escorrega que o Diogo desceu para ir ter com a Maria.

 8 – Esta página tem uma cidade, tem o nosso planeta e tem uma flor. O Diogo dá água à flor por um tubo muito grande. Como bebe muita água pelo tubo a flor cresce muito até ficar do tamanho do céu.

9 – Agora o Diogo deve se ter perdido e por isso os pais estão tristes e a chorar abraçados.

10 – A flor está a entrar pela janela da casa deles para lhes mostrar onde está o Diogo.

11 – O pai foi procurar o Diogo e encontrou-o a dormir debaixo de uma pétala da flor e levou-o para casa às cavalitas. O Diogo está muito contente.



Veja o filme que inspirou esta em:


Tomás Magalhães Carneiro – Projecto Filósofos a Brincar


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